top of page

Hecatombe (de cem suspiros)

Por Marina Naves





daí, suor me poreja de alto a baixo, então

tremuras me tomam toda, orvalhada fico, mais

que a relva, com pouco lassa, morta


(Safo)



Quisera Zéfiro, com seu carinho,

beijar a relva macia com o

mesmo encanto com que tu me beijas;


quisera Penélope tecer linho

com maior saudade e maior dor

do que as minhas, quando o imo me aleijas


Quiçá tampouco Apolo luminoso

tanto amor não louvou, quando em jardim

transformou o corpo&sangue derramado

de Jacinto; não, nem sequer o Febo

tamanho zelo conseguiu louvar


Pois é maior do que qualquer colosso

o que em minh’alma de campos sem fim

eu carrego; e nem vinho libado,

nem corpo ungido d’um herói mancebo,

são tão benditos por mim em meu altar


quanto tu.




 

Marina Naves, 21 anos, é poeta, tradutora e pesquisadora. Na Universidade Federal de Minas Gerais, onde se formou bacharela em Estudos Literários, a autora conheceu suas duas grandes inspirações: o irlandês W. B. Yeats e a portuguesa Sophia de Mello Breyner Andresen. Atualmente, Marina estuda e desenvolve pesquisa na área de Literatura Portuguesa, intertextualidade e Recepção dos Clássicos.


Ilustração: Fernanda X Maia




bottom of page