Por Marina Alves
da folha fez-se o povo da cabeça foice
da folha fez-se o povo da face afiada
da folha em si, pois lâmina, nervura e corte
da folha em ciclo, adubo broto galho e morte
se a vida farta, salta folha
o solo pede pelo corte
a folha salta, a vida corre
a folha solta se dissolve
é da fartura a melhor sorte
se a liberdade pediu asas
é a tesoura que resolve
é da fartura a melhor sorte
se a vida encara, a morte fala
se a vida entope, a morte fura
se a vida enfara, a morte lava
se a vida estanca, a morte cura
se a vida estanca, a morte cura
a morte – esterco da fartura
Formada em Letras pela UFMG, Marina Alves publica seus poemas em zines e revistas desde 2014. Lançou o livro sobre o chão (2015, edição independente). Atualmente, tem se aprofundado nas intersecções entre as linguagens humana e não humana, em especial, a vegetal.
Ilustração: Fernanda Maia
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